Maio saiu à rua!
Por José Martinez
Dois “estados de emergência” passados ficam os resultados:
Os positivos: conseguidos pelos trabalhadores que estão na linha da frente do combate contra a COVID-19, assegurando os serviços de saúde e todos os serviços públicos e sociais, a produção de bens e serviços essenciais minimizando os impactos da alteração da forma de prestação ou da suspensão das suas actividades pelo encerramento ou delimitação dos espaços onde as exerciam, pelo desaparecimento da procura e de clientes; conseguidos pelo cumprimento do confinamento, encerramento de actividades e distanciamento social por parte da população em geral que permitiu, numa primeira fase, o alastramento exponencial da pandemia e numa segunda fase a diminuição de novos casos.
A adaptação da resposta do SNS, claramente o PÚBLICO, ao combate e controlo da epidemia tem sido notável, a especialização de hospitais, a delimitação de zonas COVID, Não COVID o acompanhamento dos doentes menos graves no domicílio, opção perigosa, mas com resultados positivos, também pela aceitação do confinamento por parte dos cidadãos em recuperação, permitiu com os parcos recursos disponibilizados aos profissionais, controlar a epidemia.
Os negativos: surge à cabeça a falta de apoio aos milhares de cidadãos que em virtude das medidas adoptadas perderem, em primeiro lugar, todos os seus rendimentos: São microempresários de natureza familiar e em nome individual; muitos sócios gerentes; trabalhadores por conta própria e de tantas situações de trabalho informal que existem, da construção civil à limpeza, do comércio local aos feirantes, do sector do táxi aos explicadores e outros profissionais dos mais diversos sectores; em segundo lugar a actuação dos grandes grupos económicos no sentido de agravar a exploração, garantir lucros e acelerar a concentração e centralização de capital, despedindo e conseguindo apoios públicos para reduzir custos próprios, quer pela diminuição dos rendimentos dos seus trabalhadores (Lay Off Simplificado), ou agravando as suas condições de trabalho, por exemplo arbitrariedades nos horários e condições de prestação do teletrabalho, quer por apoios financeiros suportados ou garantidos pelo Estado.
Foi neste contexto que se realizou a acção da CGTP no 1º de Maio.
Foi uma acção, que lembrando a efeméride dos 130 anos do primeiro de Maio, mostrou aos trabalhadores e ao povo a necessidade/possibilidade de resistir e lutar, resistir defendendo os direitos, lutar contra a tentativa de à luz do COVID, serem agravadas as condições de exploração de quem vive do seu trabalho.
Foi uma acção em que ficou demonstrado o seu inequívoco apoio às medidas de controlo da epidemia e a sua clara oposição à limitação dos direitos dos trabalhadores e do povo.
Foi uma acção em que a capacidade da CGTP e dos seus sindicatos para a condução da luta, assumida de forma consciente, pode travar a ofensiva do grande capital e contribuir de forma decisiva para a viragem de política necessária, ao combate de pandemias inesperadas, ao desenvolvimento no interesse dos portugueses e à sua libertação das amarras que o têm impedido, pelo menos nos últimos 20 anos, com a adopção do euro.
Os portugueses não precisam, nem merecem os “show-off” das emergências e/ou calamidades, precisam de política séria e informação, de política de defesa dos seus interesses, solidária sem servilismos.
Muito têm ladrado e rosnado os cães, mas a caravana passa e o fascismo não passará!
Mafra, 3 de Maio de 2020.
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